Sexta-feira expus no Bar KGB, em Blumenau, com show de Raul Misturada, Malungo e Terra Brasilis. Levei um painel de 2,10 x 1,60 m, além das obras feitas pro álbum e outras do meu acervo. Cerca de 100 pessoas apareceram por lá. Gente interessada na arte, na amizade, na dança e nas boas conversas.
“Todo artista tem de ir onde o povo está”, por isso fico feliz em participar dessas interações com música em bar. Dificilmente em uma noite de exposição num museu e sem música tantas pessoas veriam minhas obras, e a relação também seria diferente. A imagem proporciona leitura muito rápida. Quando não se é um profissional da área é estranho sair de casa e ir a até uma sala quieta e sem gente só pra olhar pra quadros na parede.
Foi muito bom conversar e me divertir com essa galera, e permitir que eles dançassem e se divertissem entre as obras.
Muito há ainda pra se construir nessa relação. Tenho muito a aprender com as intervenções em bares, que têm uma característica de pouca iluminação, decoração baseada no acervo de artes visuais do dono do bar e arquitetura pensada na valorização do espaço da banda.
Pra alegrar ainda mais o fim de semana de sol, calor e suave brisa no Sul. Apresentação da banda Ozuê no Festival Nosso Inverno, dia 2 de agosto, em Blumenau.
Enquanto retomo atividades que deixei pra trás em nome do Nosso Inverno, finalmente parei pra registrar algumas impressões sobre o evento por aqui.
Sucesso de público, o evento multicultural encheu as salas do Teatro Carlos Gomes, em Blumenau – SC, durante 24 horas seguidas, a partir das 16h30 do dia 1º, sábado. As peças tiveram bom público. A maioria lotou, inclusive o espetáculo Sujos, apresentado às 6h do domingo.
Aliás, naquela mesma hora, ainda tinha cerca de 50 pessoas assistindo aos shows de Terra Brasilis e Salve Salve no Grande Auditório.
O povo viu o sol raiar no Carlos Gomes e seguiu no Salão Centenário. O bom-dia foi ao som brasileiro da banda Malungo e, em seguida, as baladas roqueiras do Schleppen acompanharam quem tomava o café da manhã e juntava forças pra seguir até o fim do dia com a programação do evento.
Casa de Orates, um dos pontos altos da noite
Tudo isso organizado pelos próprios artistas, numa virada cultural independente, com apoio de entidades locais apenas pra ceder estruturas de som, luz e equipamentos. A organização ficou por conta de uma comissão da qual fiz parte, e de lideranças que se formaram no decorrer do processo, entre o grande grupo de 200 artistas.
– Acho que deu umas cinco mil pessoas, né? – perguntei ao funcionário do teatro que passou mais tempo conosco.
– Deu mais, com certeza – ele respondeu.
Na madrugada, pico de público, mais de mil pessoas prestigiaram o rock e o blues no Salão Centenário, e ainda assim as outras salas e a praça do teatro continuavam com bom movimento.
Levei trabalhos para interferir com os espaços. Na entrada, uma caricatura de Selton Mello com uma camisa do evento recepcionava os visitantes. Embaixo das mesas, ilustrações de mulheres ousadas e sensuais.
Uma dessas damas de papel me pediu pra ser colocada nos mictórios do banheiro masculino.
Todas as peças eram cópias. Como a entrada era gratuita e havia muito movimento, preferi incentivar o “roubo” – na verdade, uma apropriação – das obras. Funcionou.
As duas moças aí embaixo levaram uma sambista e uma dançarina de salsa que tiraram debaixo das mesas ali pelas 2h. As duas meninas indiscretas que pendurei nos mictórios não estavam mais lá no final da noite. Sinal que alguém gostou.
Ladras das cópias flagradas no ato da interação: “a gente pegou pra botar em casa”
Fica aqui meu agradecimento a todos que contribuíram, em especial a verdadeiros anjos que suaram a camisa pra ajudar na organização geral: Monalisa Budel, Clóvis Truppel, Rafaela Kinas, Clara Mendes, Rodrigo Dal Molin, Anderson Engels, Léo Maier, Pochyua Andrade, Rafael Koehler, Denisse Lopes e Giovanni Ramos.
Amanhã escrevo mais sobre as emoções desse evento inédito.
Gilberto Gil está de volta à ativa. Hoje, ele anunciou que vai se dedicar novamente à carreira artística depois de mais de cinco anos como representante no governo federal. No lugar dele no Ministério da Cultura assume Juca Ferreira, sociólogo de formação.
Não é só o Gil que fica melhor na arte que no Palácio do Planalto. Lugar de artista não é na agência reguladora dos recursos, mas na linha de frente! Deixa o resto pra quem não tem capacidade de contribuir com a sociedade tanto quanto um artista.
Vai uma caricatura feita na hora pro Gil então, pela sábia decisão, e os votos de sucesso no retorno à música!