Me peguei tentando entender o “sentido”, as palavras que representam uma obra de arte. Foi depois de comentar com uns amigos sobre o filme “Cidade dos Sonhos” (Mulholland Drive, de David Lynch). Eu tinha visto uma vez, agora vi de novo e tentei achar um porquê a cada cena. O próprio diretor recomenda que a gente fuja desse comportamento e apenas sinta. Exatamente o que peço sempre para os espectadores de arte visual abstrata e questiono muito nessa época de Bienal de Artes. Há quem rejeite a arte porque não faz pensar. É absurdo.
Eu quero acreditar que tentei pensar o filme só porque conversei com meus amigos. Assim fico mais aliviado, menos culpado. Seria como me matar só porque não descobri o sentido da vida, ou até menos sensato. Afinal, a arte é feita exatamente pra descansarmos do raciocínio. Num antigo blog, eu disse que um show do Tequila Baby foi meu melhor show de punk exatamente porque eles não gritavam ordens anarquistas. A filosofia deve servir a arte, e não o contrário. O artista não transmite um pensamento para o público, mas sim a disposição para pensar sempre sobre qualquer assunto, em outra oportunidade.
Arte é aquele passeio no parque depois de longas horas estudando pro vestibular ou tentando entender o fim do namoro, a morte do amigo. Se passarmos a vida toda a procurar seu sentido, ela acabou. Sem arte, a vida acabou. Se é pra ter um sentido definido, escrevamos uma monografia e não pintemos um quadro.
Imagem: experiência abstrata minha, detalhe
novembro 3, 2008 às 1:52 pm
Amei. Me fez sentir mais leve hoje de manhã.
Bju gde =*
novembro 3, 2008 às 4:03 pm
Arte é o passeio no parque depois de longas horas tentando entender o fim do namoro, a morte do amigo (COSTADESSOUZA, 2008)
Ótima definição.
novembro 3, 2008 às 6:28 pm
belíssimo! e é isso mesmo. às vezes escrevo coisas coisas que nem eu mesma sei o sentido e de repente me pego pensando: será que alguém vai entender? e quando dou por mim, percebo que fico satisfeita com o entendimento de cada um.